
Autor:
É a invocação que se eleva a Deus para que envie o seu Espírito Santo e transforme as coisas ou as pessoas. Vem do grego, epi-kaleo (chamar sobre); em latim, in-vocare.
Na Oração Eucarística da Missa há duas epicleses (cf. IGMR 79c):
«humildemente Vos suplicamos que, participando do Corpo e Sangue de Cristo, sejamos pelo Espírito Santo congregados na unidade» (Oração II) – é a epiclese «de comunhão», que, noutras Orações Eucarísticas, pede que «sejamos em Cristo um só corpo e um só espírito»; «Derramai sobre nós o Espírito… fortalecei o vosso povo com o Corpo e o Sangue do vosso Filho e renovai-nos a todos à sua imagem»…
Estas duas epicleses, nas Anáforas orientais e na da liturgia hispano-moçárabe, estão unidas e dizem-se depois do relato da instituição. Enquanto que na liturgia romana – e em algumas das orientais, como a alexandrina – situam-se uma antes da consagração e a outra depois.
Foi um enriquecimento que, agora, no rito romano, se tenha decidido nomear claramente o Espírito na primeira epiclese, nas novas Orações Eucarísticas: na clássica, o cânone romano, existe a invocação a Deus, mas sem, explicitamente, nomear o Espírito.
A epiclese não faz só parte da Eucaristia. A oração consacratória central de todos os sacramentos, depois da anamnese ou memória de louvor a Deus, contém sempre a oração de epiclese:
«enviou o Espírito Santo para remissão dos pecados»;
Invocando a força do Espírito nos nossos sacramentos, estamos a reconhecer que é Deus quem salva e que o protagonismo é da ação do seu Espírito santificador.
Como dizia São Cirilo de Jerusalém, no século IV: «Depois de santificados por esses hinos espirituais, suplicamos ao Deus benigno que envie o Espírito Santo sobre os dons colocados, para fazer do pão corpo de Cristo e do vinho sangue de Cristo. Pois tudo o que o Espírito Santo toca é santificado e transformado» (Catequeses Mistagógicas V,7).
«O Pai atende sempre a oração da Igreja do seu Filho, a qual, na epiclese de cada sacramento, exprime a sua fé no poder do Espírito. Tal como o fogo transforma em si tudo quanto atinge, assim o Espírito Santo transforma em vida divina tudo quanto se submete ao seu poder» (CaIC 1127).
Fonte: